sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mão estendida



Fomos encontrar você. Tava tudo combinado. Local, evento, horário.  Me atrasei um pouco porque o caminho que eu bem conhecia se apagou de minha memória. Andei pela rua inteira, ida e volta e nada....

- Liga para ele, disse meu companheiro, que ele já deve ter chegado e nos explica.
- Verdade, boa idéia.

Liguei e ouvi ao fundo um barulho que indicava que você realmente já estava lá. Logo você, que nem sabia aonde ficava.

- Amigo, coisa incrível. Tô perdida. Andando pela rua a esmo e não me acho.
- Quer que eu fique na porta? Estou de camisa vermelha e jeans e me pareço com o Brad Pitt.
- Mas preciso saber para que direção que eu vou. Se para a direita ou para a esquerda da rua. 
- Mas onde você está?
- Aqui em frente ao boteco Mofo (que nome...argh!).
- Ah, tá, vem em direção a direita, então. Espero na porta.

Bom, pelo menos já sabíamos a direção a tomar. De repente avistei uma camisa vermelha que me chamou atenção.

- Olha, deve ser ele!

Mas não parecia você, não o você que vi nas fotos. Te achei bem diferente. Costuma ser diferente quando quando se vê a pessoa in loco. Afinal a foto retrata um momento extático. Mas quando sorriu, te reconheci.
Era a primeira vez que nos víamos pessoalmente e é tão diferente ver alguém ao vivo e a cores bem a nossa frente. É uma emoção indescritível. Fiz as apresentações e entramos. 
Como o evento seria no segundo andar, aguardamos você terminar seu chope e subimos. Lá encontrei várias pessoas conhecidas de outros eventos, as cumprimentei, apresentando você à elas. Notei seu jeito meio tímido, com uma tendência ao isolamento e como já sabia dessa sua dificuldade, procurei integrá-lo.
Você parecia ter tanto a falar, precisar tanto ser ouvido. Quanta solidão senti em sua alma! Quanto desilusão e descrença! Precisando de um porto amigo para aportar. Quiz ser esse porto e fiquei a ouvir o que lhe vinha a vontade de falar, talvez coisas que nunca havia contado a ninguém... sintonia de almas, que o levou a essa confiança em mim para abrir sua vida como um leque. Almas que se reencontram nessa vida e se reconhecem e se compreendem. Fique feliz por poder ser esse ouvido atento as suas palavras que vinham carregadas de emoção.
O evento rolava, a música rolava, mas você precisava falar... e eu ouvia com o coração, sentido seu sofrimento e a dor de sua solidão. Espero ter ajudado. Espero ter aliviado sua ansiedade, ter minimizado um pouco a sua dor. O fiz por amizade, o fiz por querer seu bem.
O que pode gratificar mais um ser humano  sensível do que oferecer um ombro amigo a quem precisa, um alento, um abraço, um aperto de mão, um toque sutil em seu coração.
Ainda existem pessoas em quem você pode confiar. Acredite!
Pode contar comigo, amigo, estou aqui...



Ianê Mello




Crédito de imagem: google

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