domingo, 3 de janeiro de 2010

Em várias repartida

Pintura de Colette Calascione


Em quantas posso me transformar
para ser o que queres e te agradar?
Quantas mulheres devo ser
até que possas finalmente me ver?

Máscaras terei que usar
para conseguir te enfeitiçar.
Mulher de vários ardis
e de desejos tão febris.

Posso ser dama ou princesa
ou quem sabe baronesa
para o meu barão encantar.
Ser propriedade particular.

Posso ser cantora ou meretriz
e talvez, quem sabe, por um triz,
viver a vida na corda bamba
ou numa escola de samba.

Posso ser o que quiseres.
Posso ser até mulheres
em sua simples natureza
e nela encontrar beleza.

E tu o que podes ser
que agrades o meu querer?
Querer-me do jeito que sou
ou o que de mim restou?...


Ianê Mello


4 comentários:

WAGNER DOS AIS disse...

Belo... sensivel... criativo.. feminino... apaixonante... ta qual poetisa...

Lara Amaral disse...

Lindo! Amei esse poema. Só as mulheres conseguem em sua natureza se dividir em várias.

Pena é quando depois disso não se juntam mais.

Parabéns, poetisa. E a tela é linda.

Ianê Mello disse...

Wagner...uhhhhhhhhhh!!!!!!!!!

Quanta alegria em aqui recebê-lo, meu amigo!

Obrigada pelo seu carinho.

Um beijo meu, amigo.

Ianê Mello disse...

É, querida Larinha,

o grande problema é quando essa divisão não tem retorno e perde-se, por completo, a real identidade.

Boa leitura.

Grande bj.