quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ao amanhecer

















O dia amanhece...
Meus olhos cansados
fitam o sol que perpassa
pelas frestas da cortina
Mais uma manhã se inicia
Lá fora o mundo urge
Vida que pulsa
Mas quero ficar aqui
Permanecer anônima
nessas quatro paredes
que me envolvem
Útero materno
quente e protetor
Templo de mim
Abrigo e refúgio


Penso em me deixar estar
por mais alguns momentos
nesse porto que me abriga
aconchego para o meu cansaço
No corpo dolorido sinais
de uma noite mal dormida
Atormentada pelos demônios interiores
que avassalam pela noite adentro
pertubando o doce sono


Desejo esvaziar minha mente
de todos os pensamentos
Transformá-la numa tábula rasa
sem nenhum registro
para ser lembrado


Mas reflito...
Que triste seria livrar-me
das reminiscências do passado
que me tornaram o que sou
Da construção de toda uma vida
Negar minha própria existência
como quem abandona a bagagem
num aeroporto vazio
num país estranho


Delírios...
Loucos pensamentos
Divagações da mente


Abro os olhos
Estico braços e pernas
num espreguiçar gostoso
sinto meu corpo despertar
Me levanto e abro as cortinas
e pela janela deixo o sol entrar




Ianê Mello


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